242 VIDAS – BOATE KISS O TERCEIRO MAIOR DESASTRE EM CASAS NOTURNAS DO MUNDO

242 pessoas perderam a vida e mais de 630 ficaram feridas

30/01/2023 08:45:24
Reprodução/Redes sociais

Boate Kiss o terceiro maior desastre em casas noturnas do mundo 

No último sábado, 27, completaram exatos dez anos de uma tragédia que chocou o mundo. Era um dia comum, que terminou em uma noite incomum quando 242 pessoas perderam a vida na Boate Kiss em Santa Maria, Rio Grande do Sul e mais de 630 ficaram feridas.  Naquela noite, a festa ‘Agromerados’ reunia estudantes de seis cursos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em sua grande maioria jovens, que tinham entre 18 e 30 anos. Conforme relatos de sobreviventes, a casa estava cheia e por volta das 3h17, Marcelo de Jesus dos Santos, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira acendeu um artefato pirotécnico que atingiu o teto da casa de shows que era revestido de Poliuretano (Material usado para fazer o isolamento acústico de boates como a Kiss, que pega fogo rapidamente e emite substâncias tóxicas). Com o caos e o desespero instalados, todos pensavam apenas em sair do local, mas como a fumaça não tinha para onde sair e por conta de sua enorme toxidade também, os jovens morreram asfixiados e envenenados como apontaram os laudos dias depois. 

De imediato, o fogo se alastrou pelo teto. A luz apagou, e nesse momento, as pessoas começaram a buscar uma saída, que inclusive, estava obstruída com grades de ferro para a organização das filas. Por esse motivo, muitas pessoas caíram e foram pisoteadas pelos demais. Durante a correria em direção à porta, alguns seguranças tentaram impedir que as pessoas saíssem, somente percebendo o que estava acontecendo um tempo depois.

Naquela noite dois sons ecoavam cronometradamente, o de ambulâncias e celulares tocando simultaneamente. E o que se viu a seguir, foi a aflição de familiares saindo no meio da noite desesperados e gritos de todos os níveis de dor e desespero em frente à casa de shows. Uma corrida insana iniciou aos hospitais e de fora pra dentro pessoas tentavam com marretas derrubar as paredes da boate.

Estendidos pela rua uma infinidade de pessoas agonizavam, pediam socorro, ou aguardavam somente a constatação do óbito. Iniciou-se uma corrida aos hospitais, que também não estavam preparados para a tragédia, que segundo informações, é o terceiro maior desastre em casas noturnas do mundo.

Outro fator a se destacar é que a sinalização de emergência estava falha, levando muitas pessoas a correrem na direção errada. Muitas viram a claridade dos banheiros, e para lá foram. Nesses locais inclusive, foram encontrados diversos corpos.


Investigações apontaram que falta de fiscalização foi crucial para tragédia

Como o local era totalmente fechado e não tinha inclusive janelas, uma vez que as que haviam estavam cobertas para conter toda e qualquer claridade, segundo estima-se, a temperatura chegou a 300 graus. Naquela noite e depois dela, iniciaram as investigações que apontaram de forma contundente, que a tragédia aconteceu porque quem tinha que fiscalizar não fiscalizou. E a partir disso, olhos se abriram e leis foram criadas para que tal acontecimento jamais se repita, inclusive com a Lei nº 13.425/2017, conhecida como Lei Kiss, que regula várias mudanças.

A criação da lei, conforme o Capitão da 3ª Companhia de Bombeiro Militar de Tangará da Serra, Paulo César de Campos Filho  é importante e trouxe mudanças essenciais.

“Houve uma melhora na legislação que já existia, e por isso, houve uma melhora nas medidas de segurança que dependendo do público e do tamanho da edificação aumenta as medidas de segurança que hoje deve ter hidrante, detector de fumaça, brigada de incêndio, alarme de incêndio e o controle de fumaça”,

comenta o Capitão, que complementa assegurando que no município e nos municípios sob a responsabilidade da Companhia há fiscalizações periódicas. 


“Denúncias podem salvar vidas diz”, Comandante do Corpo de Bombeiros

Um dos pontos ao qual se deve destaque, conforme o Capitão, é que com a mudança essas tragédias, se descobertas, nos dias atuais podem ser evitadas com intervenção imediata.

“A gente recebe a denúncia, e já faz a atuação de forma preventiva. Como no final do ano recebemos e fomos verificar porque não tinha entrado nenhuma documentação para nós. Já aconteceu de embargarmos a festa antes de acontecer”,

revela.

Para o comandante, a tragédia acabou por trazer luz sobre alguns pontos. Dentre eles, a derrubada da ideia de que toda responsabilidade é do Corpo de Bombeiros. A partir disso, segundo Campos Filho, os frequentadores de boates e casas de shows estão mais atentos e o Poder Público também tem buscado fazer sua parte no sentido de evitar que um sinistro tão grande ocorra. 

Campos Filho destacou ainda, que o ocorrido acabou por demonstrar que as medidas preventivas são primordiais para que não se necessite das punitivas.

“Muitas de nossas ações não ocorrem de forma reflexiva, elas ocorrem mais de uma forma reativa como foi nesse caso, precisou acontecer para se criar novas medidas. E hoje o trabalho do Corpo de Bombeiros é de evitar essa lógica de atuar de forma reativa e por isso, trabalhamos de forma preventiva com palestras, divulgações de forma a conscientizar a população”,

finaliza.


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Fonte: Diário da Serra



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