Equilíbrio econômico apontado por Paulo Guedes divide analistas

País paga o preço de inflação alta que ajuda governo a arrecadar mais

21/05/2022 17:39:22
Divulgação

Analistas e consultores de mercado financeiro têm opiniões diferentes sobre o desempenho da economia brasileira manifestado pelo ministro Paulo Guedes. Entre os principais temas, o equilíbrio fiscal é um dos fatores mais questionados. O ministro da Economia disse na quinta-feira (19.mai) que o desempenho fiscal do Brasil estaria " melhor que o dos países do G7". 

"O governo fez realmente um bom trabalho ao reduzir despesas no pós-pandemia", avalia José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos. Ele aponta o fim de programas que ampararam a população mais pobre no auge da pandemia de Covid-19, entre os elementos que ajudaram a conter os gastos do governo. Cerca de 68 milhões de pessoas chegaram a ser beneficiadas pelo Auxílio Emergencial, que entregou parcelas inicialmente no valor de R$ 600. O programa acabou em 2021 e esta interrupção foi determinante para a diminuição das despesas, já que o substituto, Auxílio Brasil, deve chegar a 17 milhões de pessoas, com parcelas de valor mínimo de R$ 400,00. "Essa economia ajuda e muito a equilibrar as contas. Mas não dá para dizer que o panorama fiscal do Brasil seja melhor que o do G7. Significa que o ajuste fiscal tem que continuar", sentencia Camargo. Para o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, as contas públicas tiveram no período recente um desempenho substancialmente melhor do que o esperado pelos analistas. Padovani considera isso como o resultado de um bom controle de gastos associado a uma arrecadação forte. Só que vem junto o vetor inflação. Segundo Padovani, o aumento do que o governo coloca no caixa via impostos, tem sido ajudado, em muito, pela alta de preços. "Inflação é péssimo para todo mundo porque a gente fica mais pobre. Mas para o governo é bom porque arrecada em cima de uma maior base de cálculo, principalmente quando a gente olha para energia e combustíveis. Que só fazem aumentar", diz Padovani. Mas também há especialistas que dizem não saber o que o ministro Paulo Guedes está comemorando. O sócio da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros é um deles. Ele argumenta que a razão para a queda da relação dívida-PIB, que bateu quase 90% na pandemia, é, principalmente, o ladeira-acima dos preços. "Com a inflação muito alta, o PIB-nominal cresce mais rápido do que o estoque da dívida pública, trazendo a relação para os atuais 78%, aproximadamente. Só que quando a inflação baixar, o efeito é exatamente na mão contrária", diz Mendonça de Barros. Também pesam a favor, segundo José Roberto, os resultados expressivos da balança comercial desencadeados, como de costume, pelas commodities valorizadas que o Brasil vende ao exterior. É um empurrão para a arrecadação que vai se inverter quando as cotações caírem."É um inchaço. Uma expansão insustentável", finaliza Mendonça de Barros. Na avaliação de Roberto Padovani, o desafio do governo é fazer parar de crescer uma dívida que já é muito alta e muito cara, e que deve continuar aumentando até 2028 por volta dos 85% em relação Produto Interno Bruto (PIB).


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Fonte: SBT News



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