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Luiz Henrique Lima - Não ao sedentarismo cidadão

Luiz Henrique Lima é Auditor Substituto de Conselheiro do TCE-MT.

25/10/2021 05:03:37
Reprodução/ Internet

Médicos e profissionais de saúde costumam nos alertar para os riscos do sedentarismo. Está mais do que cientificamente comprovado que o sedentarismo compromete não apenas a saúde física, mas também a mental, incrementando o risco de doenças graves, reduzindo a expectativa de vida e comprometendo a qualidade da vida restante. Ainda assim, é grande a proporção de brasileiros sedentários, que não praticam atividades físicas regularmente.

Existe outro tipo de sedentarismo que também propicia consequências danosas. É o sedentarismo cidadão, característico das pessoas que não exercitam a sua cidadania.

Você as conhece, leitor amigo. São aquelas que dizem ter raiva da política, que se comprazem em insultar políticos e que se proclamam “neutros” em relação a temas polêmicos. São as prisioneiras do egoísmo, que não se interessam por nada que diga respeito ao bem comum. São as que não querem se informar antes de se posicionar.

São as que não estendem as mãos em ações solidárias. São as que não participam de nada, não colaboram com nenhuma causa, mas criticam a todos que o fazem e reclamam sempre de tudo. São as que nunca podem ajudar por estarem sempre muito ocupadas, mas não perdem a oportunidade da maledicência contra quem atua. São as que não têm paciência para o diálogo, o debate e a reflexão, mas nunca lhes falta disposição para a intriga, o boato e o fuxico.

Assim como o sedentarismo físico, o sedentarismo de cidadania acarreta graves problemas, porém não apenas para quem dele é adepto, mas para toda a coletividade. O cidadão apático, inerte, alienado é o alvo preferencial e a vítima potencial dos maiores vícios da política da qual diz ter ojeriza. É facilmente engambelado por discursos extremistas, metamorfoseia-se em dócil robô reprodutor de conteúdos falsos nas redes sociais e inconscientemente torna-se serviçal voluntário daquilo que publicamente condena: a demagogia e a manipulação.

O indivíduo sedentário prejudica a saúde do seu próprio organismo. O sedentarismo de cidadania afeta a todos, porque influencia negativamente a escolha de nossos representantes e a condução de políticas públicas. Provoca confusão no debate e polui a atmosfera política.  Debilita e deslegitima instrumentos de controle social, como os conselhos de saúde, educação, meio ambiente etc. Atrasa o amadurecimento e a tomada de decisões. Fragiliza a democracia e as instituições.

Para evitar o sedentarismo físico, não é necessário converter-se num superatleta. Uma caminhada de trinta minutos, três vezes por semana, já é suficiente para trazer significativos benefícios no aparelho cardiorrespiratório, na regeneração muscular, no controle de peso, além de melhorar a qualidade do sono e a sensação de bem-estar.

Da mesma forma, para evitar o sedentarismo cidadão, não é necessário engajar-se em causas humanitárias ou partidárias todos os dias, o tempo todo. Aumentar a participação em atividades de interesse coletivo é algo simples que ocasiona bons resultados. Por exemplo: colaborar com iniciativas na sua comunidade escolar, na sua organização religiosa, no seu bairro ou condomínio, junto a grupos de pessoas vulneráveis, na defesa de animais; enfim, há uma infinidade de possíveis áreas de exercício de cidadania, que não demandam muito tempo de um indivíduo, mas podem gerar realização pessoal e proveito coletivo.

Vamos estimular a participação cidadã?

Por brasileiros mais sadios e um Brasil mais saudável, não ao sedentarismo cidadão!
 
 


Luiz Henrique Lima
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